quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Com a alma feliz desde Cuiabá

Oi, galera! Perdoe o sumiço dos últimos dias, mas sabe como é: os amigos querem brincar no feriado, a família quer atenção depois de quase uma semana longe, eu quis dar uma descansada antes de encarar de novo a rotina das aulas. Meu coração carioca agora é um pouco do Mato Grosso, um dos destinos mais legais destes Concertos Didáticos. Acho que fechamos com chave de ouro, como dizem os mais velhos. Tudo deu super certo e retornamos às nossas casas com a alma feliz.

Na última apresentação, realizada em Cuiabá, tocamos para mais de 500 estudantes e foi de arrepiar! Além das turmas do Liceu Cuiabano, alunos de mais duas escolas estaduais - Estevão Alves e Pascoal Ramos - foram curtir os sons pesquisados por Villa-Lobos. O mais legal é ver que a emoção começa na nossa equipe. O fotógrafo Sol Manzzuti foi o primeiro a encher os olhos d´água no início do concerto. Ele disse "Me segurei até agora, mas hoje foi difícil de aguentar".

A energia do teatro caiu duas vezes e ficamos sem luz no meio do concerto. Você acha que a a bagunça reinou? Bem, digamos que na primeira queda de energia, o Quarteto Radamés Gnattali se emocionou com o silêncio dos alunos, que continuaram vidrados nos acordes da "Bachiana nº 5", de Heitor Villa-Lobos. "Aquele silêncio no teatro...", comentou o Fernando Thebaldi durante o nosso último jantar no Mato Grosso. "... Foi mágico!", completou a Carla Rincón, enquanto bebia o seu suco de frutas. E a mesma concentração se repetiu nos novos minutos sem luz.

Toda a garotada participou ativamente do concerto. No momento em que dançaram valsa, além dos três casais de alunos, os professores Simone (de Português) e Firmino (de Matemática) se levantaram e colaram os rostos na maior felicidade. O professor Alceu, diretor do Liceu, estava encantado. Um estudante que virou fã do quarteto e apreciou ainda mais o trabalho de Villa-Lobos foi Nelson, do Liceu. "Nunca tinha visto nada parecido. Amei", disse ele, sentado no chão antes da primeira fileira de cadeiras.

Duas profissionais engajadas com a educação no Mato Grosso nos prestigiaram: Aide de Fátima, que é superintendente da Educação Básica, e Glaucia Ribeiro, gerente da Coordenadoria de Programas e Projetos da Secretaria de Estado de Educação. Érika, produtora dos concertos didáticos da Orquestra do Estado do Mato Grosso, também esteve presente. "Amei! É super didático. Quem sabe com apresentações como essa os alunos se apaixonem de verdade pela história de alguém que foi como eles? O mais interessante é que eles podem ser igual a Villa-Lobos", avaliou.

No aeroporto, nos supreendemos com a presença da aluna Isabella, que fez questão de se despedir do quarteto. Ela disse ao Vinicius Amaral que quer aprender a tocar violino. Enquanto sobrevoávamos o território de Mato Grosso, Paulo Santoro e Vinicius conversavam. Os dois acharam que o quarteto foi tratado com muito carinho por todos os matogrossenses. "Os alunos se identificaram e vieram nos falar do interesse em saber mais", disse o violoncelista. "Deu para notar que a gente plantou a semente", observou Vinicius.

sábado, 5 de setembro de 2009

Na acústica da Chapada dos Guimarães

Nas aulas de geografia a gente aprende que a Chapada dos Guimarães é um dos lugares mais abençoados do país. E eu pude ver toda essa beleza com meus próprios olhos. Foi o máximo! Saímos do hotel abraçados aos nossos instrumentos por volta das 7h, depois de cair dentro de um café da manhã completíssimo, claro.

A pequena viagem foi tranquila. Todos nós curtimos muito esse lance de estrada e visual (curtimos tanto que esquecemos de fotografar para postar aqui! hahaha). E é muito maneiro começar o dia contemplando uma paisagem maravilhosa pela janela da van. Na Chapada, o sol estava mais forte, mas com o ar fresquinho, na certa pelas tantas cachoeiras ao redor. A região tem 22 mil habitantes e a principal atividade econômica é o turismo. Fica a 850 metros acima do nível do mar e na subida a gente ficou com os ouvidos entupidos, sabe como é?

"O que mais gostei foram os atos dos músicos que nos fizeram sentir importantes igual a eles", disse João Moreira, 19 anos, um dos dançarinos. "Fiquei fascinada, pois ainda não conhecia música clássica", declarou a aluna Débora Vieira, 15 anos. Para o aluno Pedro Ortega, 16 anos, o que valeu foi "a simultaneidade de diversão e aprendizado".

O Quarteto Radamés Gnattali tocou bem no centro da cidade, na Câmara Municipal, numa pracinha que lota de barraquinhas de artesanato nos fins de semana. Fiquei com vontade de conhecer. O espaço era mais intimista e rolou de fazer uma apresentação acústica. Foi demais!

Treze alunos das escolas Tales de Mileto e Ana Tereza Bernaz cantaram e dançaram com o quarteto. A felicidade deles contagiou a público e o Saulo (de boné vermelho, na foto anterior) fez sucesso. Além de dançar, ele deu um show de ritmo pois conseguia pegar os tempos das músicas rapidinho. E a "maestrina" Valéria (foto acima) também mandou bem, regendo os colegas com palmas.

A estudante Ana Flávia Pimenta, de 15 anos, gostou à beça "da maneira como é apresentado o concerto e também da alegria e interação com a plateia". A opinião de Tatiane Moraes Braga, 15 anos, é a seguinte: "Gostei de tuuudo, inclusive de participar. Tenho vontade de ver mais vezes. O Quarteto Radamés Gnattali é fantástico! Foi uma descoberta para mim".

{Fotos de Sol Manzutti

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Emoção e entusiasmo em Diamantino

A gastronomia matogrossense é irada! Aqui se come muuuuito peixe. Ouvimos falar maravilhas do Pintado e do Pacu. Aliás, dizem que quem come a cabeça do Pacu nunca mais vai embora de Cuiabá. Será? Fernando Thebaldi, Vinicius Amaral, Paulo Santoro e Carla Rincón, os músicos do Quarteto Radamés Gnattali lamberam os beiçois com o Pintado na telha. Depois, corremos para o Centro de Eventos de Diamantino. E olha que surpresa da boa: O som já estava montado e tudo deu certo graças à eficiência do Seu Bijú, à frente de Wagner e Rocío. Eles são nota dez! Recomendamos!

Deste Concerto Didático, às 16h, participaram alunos de cinco escolas das redondezas: Escola Estadual Irmã Lucinda Facchinni, Escola Estadual Plácido de Castro, Escola Cenecista Professora Loreni Covari Harter e Escola Estadual Manoel José Murtinho. Era gente que não acabava mais! Até o prefeito da cidade, que apóia projetos como o nosso, foi nos prestigiar. Juviano Lincoln deu entrevista ao jornal O Divisor (leia aqui!)

No final do concerto, depois de levar adultos e adolescentes ao universo sonoro de Villa-Lobos, uma multidão animada veio falar com a gente. A professora Célia Barbara estava emocionadíssima: "Foi muito bom vocês terem vindo! É uma oportunidade dos adolescentes conhecerem outros tipos de música. Queria que a minha filha estivesse aqui".

À noite, a produção recebeu um e-mail carinhoso da Mylene, que trabalha na Secretaria de Educação. Ela preparou para nós uma faixa, colocada em destaque no palco, e flores! Diz o texto:

"Agradecemos a visita do quarteto Radamés Gnattali em nosso Município (Diamantino-MT), uma vez que oportunizou a um número significativo de alunos e professores o primeiro contato com um concerto didático musical, o qual nos trouxe alguns conhecimentos musicais e informações sonoras, estimulando gostos musicais.

Acreditamos que com a democratização do acesso a concertos didáticos nos municípios de Mato Grosso muito poderá contribuir para o desenvolvimento da linguagem musical. Considerando que o conceito de música não é universal, é preciso compreender que ela e seus sentidos fazem parte de um contexto cultural podendo desenvolver hábitos auditivos que promovam a produção musical dos alunos.

Parabéns pela iniciativa e obrigada por inserir nosso município em vosso itinerário de apresentações.

Equipe da SMEC Diamantino-MT,
Mylene W. Paese"

Amanhã de Manhão, como se diz aqui em Diamantino, tem mais! Vamos para Chapada dos Guimarães!

{Fotos de Sol Manzutti

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Concerto em Nobres foi só alegria!

Quando a gente está fora do nosso ambiente de costume, qualquer mudança parece bem vinda, não é? Pois acordamos super cedo em Mato Grosso e... Adoramos! Ô cidade bonita! O relógio nem anunciava às 6h e já estávamos a caminho de Nobres. Ouvimos falar da beleza das Sete Lagoas, localizada entre Nobres e Diamantino, mas o tempo era curto e não deu para desviar a rota. Uma pena! Quem sabe na nossa próxima vinda?

O sol estava lindo, com um ventinho na medida certa, e quem nos recebeu com muito carinho foi a professora Vilma, coordenadora da Escola Estadual Nilo Póvoas. Enquanto Vinicius ouvia as instruções da Tati, a Carla se divertia com os alunos. Foi ela quem notou primeiro como eles dançam bem. Na plateia, o Quarteto Radamés Gnattali teve a alegria de tocar na manhã desta quarta, 2 de setembro, para a garotada de Nobres e também para o Wagner Teixeira, do Grupo Votorantim, nosso patrocinador!

A aluna Angélica Cristina (foto), 18 anos, elogiou a interatividade do concerto "Achei bastante interessante! É legal a gente bater palmas, cantar e dançar com o grupo". Para Jamile Pinho, 16 anos, "foi legal ouvir música de verdade e conhecer melhor a história da música brasileira". Ela só não gostou de não ter ganhado a camiseta do Tuhu no sorteio".

Esta foi a estreia de Daiane Jéssica, 15 anos, diante de um quarteto de cordas. A estudante comentou: "Gostei de tudo, só não gostei quando acabou porque eu queria que durasse mais". Já a estudante Maria Noyara Antunes, 15 anos, não economizou elogios: "O que mais gostei foi o modo como contaram as histórias, ou seja, através da música. O som que ouvi é muito bom! Espero que voltem sempre! Obrigada! Foi tudo de bom!".

{Fotos de Sol Manzutti

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A troca de energia em Várzea Grande

O grande Paulo Santoro (grande mesmo, espia só a altura dele!) chegou no Mato Grosso por volta das 11h. Fazia muito, muito MUUUUITO sol. O dia estava mágico e prometia! Enquanto Fernando, Vinicius e Carla esperavam por ele no hotel para fazer os últimos acertos antes da estreia, a Tati e a Neiva Buono, da Secretaria de Educação, foram encontrar com ele no aeroporto.

O concerto estava marcado para às 16h. No entanto, uma hora antes chegou o primeiro aluno: Rodrigo Aparecida (foto acima). Ele disse que morava longe e não queria perder nenhum momento da apresentação. O tempo todo, Rodrigo ficou concentrado no que os músicos faziam no palco e, no final, comentou: "Nunca tinha ouvido música assim. Achei fantástico".

Os outros alunos da Escola Estadual Vanil Stabilito também vibraram com o concerto do quarteto. O colégio está sendo reformado (isso é bom!) e as aulas foram transferidas para outra unidade. Combinamos de nos apresentar na Igreja Nossa Senhora da Guia, que fica bem pertinho da escola e comporta toda a garotada com conforto.

A diretora Dôra e a professora Denise foram ótimas, super atenciosas! Comemos o delicioso bolo de queijo que elas levaram para nós. Hummm... A energia de todo mundo estava contagiante. O Quarteto Radamés Gnattali tocou para a garotada da sétima, oitava e terceiro ano e 13 estudantes participaram da apresentação, seguindo as instruções da querida Carla Rincón. E na platéia, as mãozinhas fizeram o ritmo com palmas e todo mundo soltou o gogó nas cantigas mais conhecidas.

O nosso fotógrafo, Sol Manzutti, confessou que ficou arrepiado no início do concerto. Eu também! A aluna Agda Mayara, 15 anos, concordou: "Gostei demais porque deixa a gente bem, deixa a gente emocionada". A professora Bernadete achou "Lindo! Eu adorei e os alunos também! Você consegue ver pela expressão deles. No palco, viram que são capazes, importantes! Eles precisam desse estímulo. Muito obrigada!".

Sandra Cabral, 13 anos, gostou "de toda apresentação. Nunca teria visto isso pessoalmente. Amei! Adorei! Sem palavras". Já Mariza Garibaldi, 14 anos, gostou muito da história do Villa-Lobos. Disse também: "Amei tudo e quero agradecer por convidarem a gente para assistir a este lindo concerto. Espero que tenha a segunda vez". Daniela Paes, 15 anos: "A apresentação por inteira me chamou muita atenção porque eu nunca tinha ouvido nada parecido". Até o nosso cinegrafista Cristiano Costa se rendeu: "Nossa! Eles tocam bem demais. Que lindo!"

{Fotos de Sol Manzutti

Imprensa de Mato Grosso nos recebe super bem!

Galera, ma-dru-ga-mos para fazer o check-in às 5h no Aeroporto Tom Jobim, lá no Rio de Janeiro. O sono era geral, mas a expectativa de sentir o clima de Mato Grosso era ainda maior e fomos felizes da vida. Será o último Estado que visitaremos este ano, dentro dos Concertos Didáticos, patrocinados pela Votorantim. Pois bem. Eu, Carla, Vinicius, Fernando e Tatiana Maia (a nossa produtora da vez) pisamos em Cuiabá às 11h. Fomos recebidos por um sol radiante e uma temperatura de 36 graus! O voo do Paulo foi marcado para o dia seguinte.

Mal desembarcamos e... triiiim! triiiim! O celular do Carla tocou. Era a nossa assessora de comunicação, Monica Ramalho, avisando que estávamos com o maior destaque na capa da Folha 3, o caderno de cultura da Folha do Estado. Ficamos prosa em ver assim estampada em letras garrafais a nossa chegada: 'Quarteto Radamés Gnattali em Cuiabá'.

O primeiro dia aqui foi daqueles bem agitados. Largamos as malas no hotel e voamos para a redação de outro jornal super maneiro: A Gazeta. A entrevista foi ótima e a matéria ficou incrííível (leia aqui). No sábado, 28 de agosto, saímos também no Diário de Cuiabá. Almoçamos rapidinho e nos arrumamos para mais uma entrevista. Desta vez foi para a TV Centro América, afiliada da Rede Globo. Obrigadão, jornalistas de Mato Grosso!

{Fotos da Tatiana Maia

domingo, 30 de agosto de 2009

Mato Grosso a vista!

Ah, que saudade de vocês! Queimei a pestana para melhorar as minhas notas na escola e também estive às voltas com estudos de teoria musical. De tempos em tempos preciso fazer isso: me dedicar. Parece que quando a vida se encaixa novamente na rotina sou uma pessoa melhor, que sabe mais, entende? Além de todos esses afazeres, procurei na web informações do Mato Grosso, o próximo destino dos nossos Concertos Didáticos. Outro dia a violinista Carla Rincón deu uma bela entrevista no programa Atitude.com, da TV Brasil. Você estava com a televisão sintonizada? Foi irado para o Quarteto Radamés Gnattali, do qual ela é integrante.


Assim como o Acre, onde estivemos no meio do ano, a economia matogrossense é baseada no extrativismo da madeira e da borracha. Mas a população local também vive da agricultura (cana-de-açúcar, soja, arroz e milho), da pecuária, da mineração (ouro e calcário) e da indústria, principalmente metalúrgica e alimentícia. É um povo trabalhador, cujo território foi disputadíssimo por espanhóis e portugueses na época do descobrimento do Brasil.

Em 1977, um pedaço do Mato Grosso foi dividido e ganhou o nome de Mato Grosso do Sul. Tudo é muito lindo e cercado de natureza por lá. Aliás, vamos dar nome aos bois direitinho para destacar a real importância do lugar. O Pantanal recebeu dois títulos da Unesco: Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade. Ele nasce em Mato Grosso e vai até Mato Grosso do Sul, Bolívia e Paraguai. Descobri essas informações num site que vale a pena visitar (mas depois tem que conhecer de perto, viu?): www.coisasdematogrosso.com.br

Vou fazer de tudo para que a nossa primeira refeição seja uma Mojica de Pintado, um peixe delicioso ensopado com mandioca. E, na dúvida, vou querer provar duas sobremesas: Furrundu, uma mistura de mamão com rapadura e coco e Doce de caju (foto abaixo) - aqui no Rio de Janeiro se consome bastante o suco, mas nunca provei o doce! Também vou querer trazer para casa algumas peças de artesanato do lugar. Soube que os matogrossenses são muito bons em cerâmica, fibras, tecelagem e bonecas de pano. Minhas primas vão se amarrar!

Bem, a conversa está otima, mas vamos objetivar. Papel e caneta na mão? Então, anote onde e quando o Quarteto Radamés Gnattali vai se apresentar em Mato Grosso:

Dia 1 de setembro, às 16h: Igreja Nossa Senhora da Guia (Rua Manoel José de Arruda, s/nº, Água Limpa) em VÁRZEA GRANDE

Dia 2 de setembro, às 9h30: Escola Estadual Professor Nilo Póvoas (Avenida Marechal Rondon, 325, no Centro), em NOBRES

No mesmo dia 2, às 16h: Centro de Eventos de Diamantino (Rua Marechal Rondon, s/nº, Centro), em DIAMANTINO

Dia 3 de setembro, às 9h30: Câmara Municipal de Chapada dos Guimarães (Rua Governador Fernando Corrêa, 763), na CHAPADA DOS GUIMARÃES

Dia 4 de setembro, às 10h: Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller (Praça General Mallet, 150, Centro), em CUIABÁ

Esperamos você!

{Você pode fazer o download dessa foto dos girassóis no Baixaki e a foto do doce de caju é do Flickr de Lucy Passos

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Três perguntas para Paulo Santoro

Paulo Santoro é um expert em violoncelo e música de concerto, pessoal. Ele se apresenta no mundo inteiro, muitas vezes como solista à frente de grandes orquestras, entre elas a renomada Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Paulo faz parte do Duo Santoro, do Brasil Trio e do Quarteto Santoro, além do Quarteto Radamés Gnattali. O músico já estudou com vários mestres, como Emilio Colón e Tsuyoshi Tsutsumi e, há exatos dez anos, foi aluno da Indiana University School of Music e voltou para casa com a nota máxima no curso. Paulo adora o trabalho que desenvolve em festivais de música pelo país como professor. Quer saber um pouco mais sobre esse músico fera e ultra simpático?

Tuhu pergunta: Você e seu irmão gêmeo, Ricardo, tocam violoncelo. Como vocês se aproximaram do instrumento?
Paulo responde: Nós pegamos o gosto pela música desde cedo ouvindo meu pai (Sandrino Santoro) tocar contrabaixo. Aos 6 anos, já estudávamos flauta doce e um pouco de piano e, antes mesmo de sermos alfabetizados, já sabíamos o nome das notas. O ouvido musical se aprimorava cada vez mais e ficávamos admirados com o som do contrabaixo. Por volta dos 11 anos, pedimos para o pai nos ensinar música. Como não tínhamos tamanho para tocar o contrabaixo, ele disse entao que antes aprendêssemos o violoncelo. O que era pra ser provisório, virou permanente. Hoje só tenho que agradecer a "dica" dele (e ainda acho que foi proposital...). Além do trabalho com o quarteto, eu e meu irmão formamos um duo profissional de violoncelos que se apresenta frequentemente, o Duo Santoro.

Tuhu pergunta: Conta pra gente quais são as dificuldades de transportar um instrumento tão grandalhão.
Paulo responde: Pra ser bem sincero, nem acho o violoncelo tão grande assim. Por causa do meu pai, lidamos a vida inteira com instrumentos grandes. Claro que encontro dificuldades para transportá-lo (risos), mas o maior problema é quando não estou com ele ao meu lado, como no caso das viagens de avião. Cito o recentíssimo exemplo da viagem ao Piauí. Chegamos de madrugada e fomos direto para o hotel. No dia seguinte, tínhamos entrevista ao vivo na TV Meio Norte. Quando abri a caixa do violoncelo para me preparar, a surpresa: deixaram o violoncelo cair e quebrar no aeroporto. Isso é pior coisa que existe para um músico! Em vez do instrumento, preferimos que quebre alguma parte de nosso corpo. Fiquei estarrecido com o que tinha acontecido, mas sabia dos nossos compromissos no Piauí e não poderia esmorecer naquela altura do campeonato. Meu pai também conserta instrumentos e me explicou por telefone como fazer um remendo de tal maneira que conseguisse tocar. Graças a Deus já estou usando meu violoncelo normalmente.

Tuhu pergunta: O que você achou mais bonito nessa passagem do quarteto pelo Acre?
Paulo responde: A oportunidade de tocar para um público que não está acostumado ouvir música clássica é impressionante! Fico olhando as fisionomias praticamente imóveis dos alunos, procurando absorver o máximo possível de tudo. Foi muito bonito conhecer os produtores locais. Na verdade, o quarteto virou uma grande equipe, com fotógrafo, motoristas, pessoal do som, do vídeo, professores que nos acompanharam e até os funcionários do hotel. Todos em perfeita sintonia. Isso sem falar na comida local: tacacá, mingau de tapioca, baixaria (ô coisa boa...). Traduzindo: carne moída com bastante cebolinha, cuzcuz com leite da castanha e ovo frito. Comíamos isso tudo às 8h! E é claro que não podíamos deixar de dar uma passadinha no país vizinho, a Bolívia. Muitas compras no carro e lá vai nosso querido motorista Anderson encarando qualquer barreira policial com simpatia de sobra. A volta foi tranquilo e já sinto muita saudades daqueles belos momentos.

{Foto da Kátia Barbosa