Com a alma feliz desde Cuiabá
Oi, galera! Perdoe o sumiço dos últimos dias, mas sabe como é: os amigos querem brincar no feriado, a família quer atenção depois de quase uma semana longe, eu quis dar uma descansada antes de encarar de novo a rotina das aulas. Meu coração carioca agora é um pouco do Mato Grosso, um dos destinos mais legais destes Concertos Didáticos. Acho que fechamos com chave de ouro, como dizem os mais velhos. Tudo deu super certo e retornamos às nossas casas com a alma feliz.
Na última apresentação, realizada em Cuiabá, tocamos para mais de 500 estudantes e foi de arrepiar! Além das turmas do Liceu Cuiabano, alunos de mais duas escolas estaduais - Estevão Alves e Pascoal Ramos - foram curtir os sons pesquisados por Villa-Lobos. O mais legal é ver que a emoção começa na nossa equipe. O fotógrafo Sol Manzzuti foi o primeiro a encher os olhos d´água no início do concerto. Ele disse "Me segurei até agora, mas hoje foi difícil de aguentar".
A energia do teatro caiu duas vezes e ficamos sem luz no meio do concerto. Você acha que a a bagunça reinou? Bem, digamos que na primeira queda de energia, o Quarteto Radamés Gnattali se emocionou com o silêncio dos alunos, que continuaram vidrados nos acordes da "Bachiana nº 5", de Heitor Villa-Lobos. "Aquele silêncio no teatro...", comentou o Fernando Thebaldi durante o nosso último jantar no Mato Grosso. "... Foi mágico!", completou a Carla Rincón, enquanto bebia o seu suco de frutas. E a mesma concentração se repetiu nos novos minutos sem luz.
Toda a garotada participou ativamente do concerto. No momento em que dançaram valsa, além dos três casais de alunos, os professores Simone (de Português) e Firmino (de Matemática) se levantaram e colaram os rostos na maior felicidade. O professor Alceu, diretor do Liceu, estava encantado. Um estudante que virou fã do quarteto e apreciou ainda mais o trabalho de Villa-Lobos foi Nelson, do Liceu. "Nunca tinha visto nada parecido. Amei", disse ele, sentado no chão antes da primeira fileira de cadeiras.
Duas profissionais engajadas com a educação no Mato Grosso nos prestigiaram: Aide de Fátima, que é superintendente da Educação Básica, e Glaucia Ribeiro, gerente da Coordenadoria de Programas e Projetos da Secretaria de Estado de Educação. Érika, produtora dos concertos didáticos da Orquestra do Estado do Mato Grosso, também esteve presente. "Amei! É super didático. Quem sabe com apresentações como essa os alunos se apaixonem de verdade pela história de alguém que foi como eles? O mais interessante é que eles podem ser igual a Villa-Lobos", avaliou.
No aeroporto, nos supreendemos com a presença da aluna Isabella, que fez questão de se despedir do quarteto. Ela disse ao Vinicius Amaral que quer aprender a tocar violino. Enquanto sobrevoávamos o território de Mato Grosso, Paulo Santoro e Vinicius conversavam. Os dois acharam que o quarteto foi tratado com muito carinho por todos os matogrossenses. "Os alunos se identificaram e vieram nos falar do interesse em saber mais", disse o violoncelista. "Deu para notar que a gente plantou a semente", observou Vinicius.