Sol, desenhos e alunos talentosos em Xapuri
Quando saímos do hotel ainda estava escuro: eram 6h15 e... levamos os travesseiros para prolongar o sono na van (risos). Em compensação, ganhamos de presente um nascer do sol fantástico na estrada para Xapuri - terra de, pelo menos, duas personalidades: o ambientalista Chico Mendes e a política Marina Silva. Chegamos na Escola Divina Providência perto das 9h e encontramos o auditório todo enfeitado com desenhos dos alunos Maurício e Francisco. Antes mesmo de começar o recital, conhecemos Raimundo, outro aluno interessado, que leu sobre as "Bachianas" e queria mais da série de composições de Heitor Villa-Lobos. Raimundo ficou nosso amigo e foi um dos voluntários.
Às 10h30, os músicos do Quarteto Radamés Gnattali tocaram as primeiras músicas do Concerto Didático, muito maneiro. Os jovens João Paulo, Weyla e Cleodomar empolgaram a galera, que ajudou no coro do lá-lá-lá de "Acordei na madrugada". E na "Habanera cubana" o auditório em peso acompanhou com palmas, enquanto três casais dançaram, com direito a rodopios e tudo o mais! Vamos espalhar para o Brasil inteiro que os moradores de Xapuri são pés-de-valsa. Eles arrasaram, viu? A plateia não ficou atrás: marcaram o "Mia gato", em compasso ternário, com palmas contagiantes, e o binário "Vamos atrás da serra, oh calunga". Para reforçar que não estavam ali de brincadeira, todos fizeram coro na famosa "Ciranda cirandinha".
Os garotos Ericles e João Antonio mandaram muito bem nos ovinhos e já tocaram "Na Bahia tem" de primeira, sem orientação alguma. O violista Fernando Thebaldi disse que "parecia até que eles tocam ovinhos desde pequenos". Além de estudioso, o Raimundo, que citei lá no início do post, mostrou que sabe tudo de claves. E o desenhista Maurício também é um dançarinho nato. Será que todo mundo nessa cidade tem múltiplos talentos? Depois da apresentação, recebemos o carinho da professora Vicentina, que ensina português na escola.
"É um som tão lindo que pude até viajar com minha imaginação", disse a aluna Maria Jeane, de 17 anos. Para Alaíde da Silva, 14 anos, "a arte da música nos leva para outro mundo e esse mundo da música é realmente deslumbrante! Fiquei encantada com todas as melodias, os instrumentos e com Villa-Lobos, um grande artista que jamais pode ser esquecido!". Daniell Lima, de 13 anos, curtiu "a maneira divertida de ensinar música" e a querida Hortênsia, 16 anos, gostou demais do concerto porque ela sempre quis tocar violino. "Só não gostei da despedida...", ela falou. A gente também sofre um bocado com as despedidas, mas volta para casa sabendo que plantou uma sementinha naquele público, sabe como é?
{Fotos provisórias de Paula Brandão
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