Três perguntas para Paulo Santoro
Paulo Santoro é um expert em violoncelo e música de concerto, pessoal. Ele se apresenta no mundo inteiro, muitas vezes como solista à frente de grandes orquestras, entre elas a renomada Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Paulo faz parte do Duo Santoro, do Brasil Trio e do Quarteto Santoro, além do Quarteto Radamés Gnattali. O músico já estudou com vários mestres, como Emilio Colón e Tsuyoshi Tsutsumi e, há exatos dez anos, foi aluno da Indiana University School of Music e voltou para casa com a nota máxima no curso. Paulo adora o trabalho que desenvolve em festivais de música pelo país como professor. Quer saber um pouco mais sobre esse músico fera e ultra simpático?
Tuhu pergunta: Você e seu irmão gêmeo, Ricardo, tocam violoncelo. Como vocês se aproximaram do instrumento?
Paulo responde: Nós pegamos o gosto pela música desde cedo ouvindo meu pai (Sandrino Santoro) tocar contrabaixo. Aos 6 anos, já estudávamos flauta doce e um pouco de piano e, antes mesmo de sermos alfabetizados, já sabíamos o nome das notas. O ouvido musical se aprimorava cada vez mais e ficávamos admirados com o som do contrabaixo. Por volta dos 11 anos, pedimos para o pai nos ensinar música. Como não tínhamos tamanho para tocar o contrabaixo, ele disse entao que antes aprendêssemos o violoncelo. O que era pra ser provisório, virou permanente. Hoje só tenho que agradecer a "dica" dele (e ainda acho que foi proposital...). Além do trabalho com o quarteto, eu e meu irmão formamos um duo profissional de violoncelos que se apresenta frequentemente, o Duo Santoro.
Tuhu pergunta: Conta pra gente quais são as dificuldades de transportar um instrumento tão grandalhão.
Paulo responde: Pra ser bem sincero, nem acho o violoncelo tão grande assim. Por causa do meu pai, lidamos a vida inteira com instrumentos grandes. Claro que encontro dificuldades para transportá-lo (risos), mas o maior problema é quando não estou com ele ao meu lado, como no caso das viagens de avião. Cito o recentíssimo exemplo da viagem ao Piauí. Chegamos de madrugada e fomos direto para o hotel. No dia seguinte, tínhamos entrevista ao vivo na TV Meio Norte. Quando abri a caixa do violoncelo para me preparar, a surpresa: deixaram o violoncelo cair e quebrar no aeroporto. Isso é pior coisa que existe para um músico! Em vez do instrumento, preferimos que quebre alguma parte de nosso corpo. Fiquei estarrecido com o que tinha acontecido, mas sabia dos nossos compromissos no Piauí e não poderia esmorecer naquela altura do campeonato. Meu pai também conserta instrumentos e me explicou por telefone como fazer um remendo de tal maneira que conseguisse tocar. Graças a Deus já estou usando meu violoncelo normalmente.
Tuhu pergunta: O que você achou mais bonito nessa passagem do quarteto pelo Acre?
Paulo responde: A oportunidade de tocar para um público que não está acostumado ouvir música clássica é impressionante! Fico olhando as fisionomias praticamente imóveis dos alunos, procurando absorver o máximo possível de tudo. Foi muito bonito conhecer os produtores locais. Na verdade, o quarteto virou uma grande equipe, com fotógrafo, motoristas, pessoal do som, do vídeo, professores que nos acompanharam e até os funcionários do hotel. Todos em perfeita sintonia. Isso sem falar na comida local: tacacá, mingau de tapioca, baixaria (ô coisa boa...). Traduzindo: carne moída com bastante cebolinha, cuzcuz com leite da castanha e ovo frito. Comíamos isso tudo às 8h! E é claro que não podíamos deixar de dar uma passadinha no país vizinho, a Bolívia. Muitas compras no carro e lá vai nosso querido motorista Anderson encarando qualquer barreira policial com simpatia de sobra. A volta foi tranquilo e já sinto muita saudades daqueles belos momentos.
{Foto da Kátia Barbosa