terça-feira, 9 de junho de 2009

O prestígio internacional de Villa-Lobos

Voltamos a 1915, quando as composições de Heitor Villa-Lobos foram apresentadas às plateias cariocas. Para bancar a vida de recém-casado com Lucília Guimarães, Villa-Lobos compôs pra caramba e tocou violoncelo nas orquestras dos teatros e cinemas do Rio de Janeiro. Só que os jornalistas torceram o nariz para a música que ele fazia e publicaram críticas nada favoráveis. Anos depois, ele explicou: "Não escrevo dissonante para ser moderno. De maneira nenhuma. O que escrevo é conseqüência cósmica dos estudos que fiz, da síntese a que cheguei para espelhar uma natureza como a do Brasil".

No início do século XX, a influência francesa e o conservadorismo herdado do final do século XIX incomodaram os jovens de tal maneira que eles se uniram para reagiram... Com arte! Fundaram o movimento Modernista, oficializado em São Paulo em fevereiro de 1922, através da Semana de Arte Moderna, que reunia criadores de diversas áreas. Villa-Lobos foi convidado por Graça Aranha a participar. Nessa época, ele já era super conhecido no cenário musical brasileiro e foi incentivado pelos amigos a levar sua música à Europa.

Em 1923, desembarcou em Paris e levou um susto ao descobrir que Claude Debussy, uma de suas maiores inspirações, já não era mais vanguarda. Artistas e intelectuais só tinham ouvidos para os compositores russos que faziam música original e de caráter nacionalista, como Igor Stravinsky. Desconhecido na capital francesa, Villa-Lobos foi apresentado aos figurões, entre eles o violonista espanhol Andrés Segóvia (na próxima foto, ao lado do nosso maestro), por intermédio da artista plástica Tarsila do Amaral. De volta ao Brasil em 1924, foi saudado pelo poeta Manuel Bandeira: "Villa-Lobos acaba de chegar de Paris. Quem chega de Paris espera-se que chegue cheio de Paris. Entretanto, Villa-Lobos chegou cheio de Villa-Lobos".

Três anos depois, com as passagens compradas para ele e a mulher, Villa-Lobos embarcou para uma temporada mais longa em Paris. Entre 1927 e 1930, ele publicou várias partituras pela editora Max-Eschig, o casal fez amigos e organizou concertos e muitas feijoadas, que eram frequentadas por gente como o compositor Edgar Varèse (nessa próxima foto, com Villa-Lobos), a pianista Magda Tagliaferro, o maestro Leopold Stokowski e o violinista Maurice Raski. A partir daí, Villa-Lobos ganhou prestígio internacional, apresentando suas obras em concertos e regendo orquestras nas principais capitais européias.

No segundo semestre de 1930, ele foi convidado para realizar um concerto em São Paulo e aceitou na hora. O que ninguém esperava era que, essa breve passagem pelo seu país, fosse render um dos mais valiosos capítulos de sua biografia. O maestro resolveu fazer a parte dele contra o descaso com que a música é tratada nas escolas brasileiras. Quer saber como? Aguarde o próximo post sobre a vida e a obra de Heitor Villa-Lobos!

Leia também: Entre violeiros, chorões, trens e Bach

{Fonte de pesquisa e fotos: Museu Villa-Lobos, cujo site oficial é www.museuvillalobos.org.br

1 Comentário:

Anônimo disse...

veja as fotos lindas que tenho do Maestro no meu blog...

http://agrinalda.blogspot.com/search?q=villa+lobos+

Adorei os seus posts... Vierei seguidora...
abçs

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